Minha vida sem você



Oi como tem passado? Espero que esteja bem. Faz tempo que não te escrevo não é? Pois então, hoje vou escrever-te e contar como tem sido minha vida depois de sua partida.
Então, eu continuei chorando por muito tempo, é essa ferida ainda não se fechou, mas eu encontrei alguém que a fizesse diminuir. Eu não o amo como eu te amei, infelizmente, portanto ele não me fez te esquecer, mas gostaria que o te fizesse feito, pois sei que hoje você nem deve se lembrar do meu nome.
Construí uma família, tive filhos, fiz tudo o que queria ter feito com você, com um alguém que me fez sorrir, quando você me fazia chorar, que me fez ter momentos bons quando eu só tinha vontade de esquecer e jogar tudo para o alto.  Eu queria que esse alguém a fazer tudo isso, tivesse sido você, mas não foi não se pode ter tudo o que se quer na vida. Foi melhor assim.
Eu nunca escondi do meu companheiro, quem era o meu verdadeiro amor. É ele sabia de você, ele sofria, eu via isso, mas ele disfarçava muito bem, dizendo que não se importava porque eu estava com ele e não com você, que você não passava de um amor do passado, um amor da juventude, na verdade um fantasma.
Era duro para ele me ver chorando pelos cantos por um alguém que nunca se importou comigo, nunca me deu valor. Ele sempre achava um modo de me consolar sem que eu percebesse que ele estava sofrendo. Ele me amou. Sim, aquele me amava e eu aprendi a amá-lo, não como eu te amei e ainda te amo. É, porque eu também não te esqueci.
Em alguns momentos de minha vida, olhava meus filhos e lembrava-me dos sonhos que tinha em relação a você. Lembrei que queria ter construído com você a história que eu construí com outro.
Hoje meu companheiro já não está mais aqui. Meus filhos seguiram seus caminhos e eu estou sozinha outra vez, pensando em você e escrevendo-te. Já não moro na cidade, me desabituei a sua agitação. Moro no campo, onde o silêncio me consola. Meus filhos veem me visitar com frequência. Eu vivo numa cadeira de balanço, fazendo tricô, observando o nada e tirando um cochilo às vezes. Eu envelheci meu amor, mas a minha paixão por você ainda continua viva, como sempre foi.
Gostaria de te ver novamente, faz muito tempo, você deve estar mudado também, mas seus traços são os mesmos, eu sei, pois nunca os esqueci.
Gostaria que você viesse me fazer uma visita, onde eu te esperarei na varanda, como sempre te esperei. E quando eu te vires, vindo ao longe em minha direção, vindo me encontrar, me levantarei da minha cadeira de balanço e te esperarei na entrada de minha casa com um sorriso como de uma criança. Você descerá de seu cavalo e me erguerá em um abraço e me rodopiará no ar, como se nós dois fossemos jovens ainda.
Olharei nos teus olhos e lhe direi como é bom vê-lo e senti-lo novamente. Dar-lhe-ei um beijo com muita ternura e matarei minha saudade. Pedirei a você que fique e que ocupe o lugar que sempre foi seu. E que me ajude a cuidar dos filhos dos meus filhos, que lhe chamarão de vovô, mesmo você não o sendo, mas verei o brilho nos teus olhos por isso. Se você aceitar, aquela história do passado que nunca foi esquecida, se tornará o mais belo dos presentes. E assim eu poderei morrer feliz, pois já o terei ao meu lado, até os últimos minutos de minha vida.

(Carol Marchi)

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