Meus pensamentos



Andando por várias ruas, perdida em meus pensamentos, imagino como teria sido se nós dois tivéssemos construído uma vida juntos.
         Volto para casa, onde não meu dou nem ao trabalho de ascender à luz, naquela noite fria e vazia, ascendo à lareira e me sento junto a ela com um livro na mão e uma taça de vinho na outra.
         Começo a folhear o livro e volto a ler o capítulo de onde parara, o mais engraçado é que eu já sabia cada parágrafo, cada linha, cada vírgula e ponto e cada palavra que nele continha. Eu já havia lido não sei quantas vezes o mesmo livro, que, aliás, não era um livro qualquer, era o livro no qual contava cada detalhe desse meu amor por você, um livro que eu escrevi, o qual eu dediquei a você, mas nunca tive a coragem necessária de publicá-lo.
         Eu leio e releio todos os dias a mesma história, e fico me perguntando onde foi que eu errei. Se eu tivesse a oportunidade de não cometer os mesmos erros eu iria agarrá-la e não a deixaria passar.
         Hoje eu parei para olhar aquelas páginas já castigada de tanto serem lidas e tomada por uma súbita decisão, resolvi que no dia seguinte lhe enviaria aquele livro.
         Dirigi-me ao respectivo local e lhe enviei o livro juntamente com uma pequena carta, onde nesta iria à explicação pelo o qual eu lhe enviava o livro.
         Em um dia, como outro qualquer, tive uma surpresa, ao ouvir uma voz chamando o meu nome, e ao erguer meus olhos, vi novamente aquilo que nunca mais pensei em ver, o sorriso mais lindo, o olhar mais perfeito, a pessoa que eu mais amava você. Estava ali parado na minha frente, com o rosto sério, mas com um sorriso meio torto, que me deixava louca e com aquele jeitão de sempre. Eu sem palavras não sabia o que dizer, estava sem reação e me perguntando o que o levara a me procurar.
         Você me convidou para um almoço, somente nós dois e eu aceitei. Sentada, juntamente com você, sem saber o que fazer e nem dizer, esperava uma palavra sua e calmamente você começou a falar.
         Falava com um ar majestoso, eu não conseguia nem me concentrar no assunto que estava sendo tratado, mas apenas me focava no som da sua voz, que eu não escutava há tempos e no movimento de seus lábios que de repente se abriram em um sorriso, me pegando de surpresa ao me perguntar o que você havia acabado de falar.
         Eu envergonhada, peço-lhe desculpa pela minha distração e admito que não prestava atenção, e você calmamente repete tudo novamente.
         Você falava e eu não conseguia acreditar naquilo que estava ouvindo. Você havia dito que lera o livro e que amar cada parágrafo e cada capítulo contido nele, embora algumas histórias ali contadas fossem reais e outras fictícias. Eu não podia acreditar, eu lhe olhava incrédula você realmente havia reservado um tempo seu para ler aquele livro, que se você quisesse podia ter deixado de lado. Mas não, você se importou e leu cada página com cuidado e com muita atenção. E mais que isto, você foi pessoalmente falar comigo, podia muito bem ter mandado um carta ou nem sequer ter elogiado ou talvez nem fizesse isso.
         Eu não conseguia agradecer, estava feliz demais, eu te olhava com lágrimas nos olhos de tanta emoção e você ria de mim por isso, mas não era um riso de deboche, era um sorriso de ternura, de preocupação, de afeto.
         Eu lhe disse aberta e claramente, que eu gostaria que tudo aquilo que eu havia escrito fosse realidade, você me disse que sabia disso, pois sentiu em cada palavra escrita a emoção de um coração apaixonado, de um coração inquieto que ansiava por uma resposta imediata.
         Você me olhou com seus olhos castanhos, que para mim eram como duas joias, perfeitas e bem feitas, e me disse que há muito tempo esconde uma coisa que já não estava sendo mais capaz de fazê-lo, esconder um sentimento chamado amor. Eu lhe olhei espantada, pois não estava conseguindo entender onde você estava querendo chegar e para acabar com aquela bagunça dentro da minha cabeça e principalmente em meu coração, se aproximou de mim, segurou meu rosto e delicadamente beijou meus lábios. Eu não sabia como reagir, apenas correspondi.
         Vi meus sonhos se tornarem realidade, vi meu conto de fada ter um final feliz, encontrei meu príncipe encantado, que sempre esteve ao meu lado, mas nunca soube disso e agora conseguirei construir um final perfeito que faltava para o meu livro e esse final se chama você.  (Carol Marchi)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eu ainda vou te roubar pra mim

Ela tem sido mais pra você do que pra ela mesmo...

A alegria de volta