Os dias passam lentos
Tudo escuro,
no quarto apenas o clarão da televisão e dos relâmpagos vindo de um céu que não
tinha nenhuma estrela para lhe fazer sorrir. Deitada em minha cama assisto
desfiles das escolas de samba. Um tédio.
O sono demora a vir, já são três da manhã e as cinco eu preciso estar de
pé. Fecho os olhos e simplesmente apago.
Ao
acordar, vejo as escolas ainda a desfilar por uma avenida que não tem fim e do
lado de fora alguns traços que revelam a passagem de uma chuva bem forte madrugada
adentro.
Na janela
gostas de chuva escorrem lentamente. Meu amor, todos os dias têm sido como essa
gota de chuva... Lentos.
Todos os
dias eu acordo com a expectativa de te ver por apenas alguns milésimos de
segundo, de poder lhe dar um oi, roubar-lhe um abraço e ate atrever-me a
beijar-te a fronte. Acordo com uma vontade imensa de ser a primeira, a lhe dar
bom dia e a ganhar um sorriso seu. Acordo com uma vontade imensa de querer
estar sempre ao seu lado e nunca mais me afastar.
E hoje, o
dia não foi diferente. As vontades não mudaram e as expectativas permaneceram.
Ganhei um bom dia e um sorriso, mas nada, além disso. Às vezes penso que as coisas estão mudadas e
em outras eu penso que pode ser ilusão da minha cabeça. Vamos lá, você se
afastou é hora de encarar o dia com esse desafio.
E como
não podia faltar, ela chegou e você só tinha olhos para ela. Até quando serei a
segunda opção? Até quando irei me apaixonar por sorrisos que não me
pertencem... Até quando irei te amar assim? Minha feição mudou, foi nítido, mas
você não se importou, não percebeu... Está tudo bem... Eu já me acostumei.
E sabe por
que meus dias têm sido tão lentos? Têm sido lentos porque minha espera é
infinita. Lentos porque não importa quanto tempo passe, eu sempre vou estar
aqui pensando em tudo o que poderia ter sido e não foi. Em tudo o que eu
poderia ter dito e não disse... Mas é melhor assim, pelo menos não corro o
risco de dizer palavras que façam com que eu me arrependa depois, de arriscar
mais olhares para fazer você entender que aqui dentro do meu coração quem manda
é apenas um... Eu não me apaixonei por qualquer um meu bem... Apaixonei-me por
um amor mais complicado que contas de matemáticas, mais difícil do que uma
prova de química ou física, que é mais indecifrável do que a língua inglesa,
que é muito para a minha história e que talvez não possa constar nos meus
livros de literatura, pois não foi escrito em nenhuma redação ou confiscado em
nenhuma aula de Português... Nem nos mapas da geografia eu lhe encontrei meu
amor... Você é a aula mais difícil, o livro mais misterioso, e o nosso amor é a
única matéria que eu venha a reprovar, pois suas provas não me facilitam em
nada, só me confundem e só me fazem desistir.
Esperas
infinitas... Que esse infinito possa ter outro sentido e que seja para sempre
ao seu lado. Já cansei das esperas, uma
hora eu desisto até de tentar te fazer entender com pequenos gestos que eu amo
você.
(Carol
Marchi/ part. Carol Christiane)
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