A janela esquecida




            O rádio está ligado na sala, seu som é solitário. Desço as escadas me arrastando. Um vento frio entra pela janela que ficou aberta durante a noite. Lá fora se faz silêncio e desligo o rádio para que aquele silêncio penetre por aquele vão.
         Fecho os olhos e respiro fundo. Conheço esse perfume de longe, é o seu... Você esteve aqui. Vejo marcas de terra pela casa... Provavelmente pulou a janela e a deixou esquecida ao sair às pressas assim que ouvi u os meus passos.
         O dia está monótono, não tenho tanta coisa para fazer hoje, talvez apenas levar o cachorro para passear, ele não tem culpa de nossas brigas.
         Na mesa perdida em meio há tantos papéis está uma caixa que nunca vi em todo tempo que estivemos juntos, você deve tê-la esquecido quando fugiu. Como sempre um covarde.
         Minha cara está péssima, preciso seguir em frente e fazer de você um passado sem importância, um passado que não valeu a pena.
         Sigo o meu destino, enquanto deixo nosso cachorro solto pelo parque, observo os casais que fazem juras de amor. Que eles possam ser felizes, coisa que não fomos.
         Não tenho ressentimentos, nem mágoas ou raiva, e só estou lhe escrevendo para pedir que não invada mais minha casa no meio da noite e nem pule a janela, seja maduro para me encarar e caso venha fazer isso de novo, por favor, não se esqueça de fechá-la, pois a noite faz muito frio e eu já não tenho mais o meu cobertor favorito.
        
(Carol Marchi)

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