Falta coragem para desistir...




Guardei na caixa o antigo amor e deixei espaço para um novo alguém entrar. Esse novo alguém entrou me fez sorrir e partiu...
Estou sentada no chão do quarto arriscando notas e melodias fajutas no meu velho violão, estou cantando na esperança de que alguém me ouça... Vocês podem me ouvir?
Sim, eu disse vocês. Não me julguem por amar ou estar dividida entre dois amores.
Olho para o céu negro com as estrelas a brilhar e a lua a se esconder e deixando-se encontrar quando bem entende.  Agora tenho em mãos um caderno e uma caneta... É hora de desabafar. Meu sorriso irônico agora me acusa... Como posso continuar escrevendo sobre uma coisa que já se tornou fria dentro de mim? Pergunto-me onde foi que me perdi e porque desaprendi a amar. Talvez não tenha desaprendido, mas já não sinto aquela emoção em relação a mais ninguém. Foram tantas idas e vindas, tantas perdas que eu cansei. Cansei de guardar tudo por medo de chorar, cansei de fingir que está tudo bem se na verdade tudo parece uma droga, cansei de sorrir quando na verdade precisava chorar, cansei de dizer eu te amo e nunca ser correspondida. Eu me cansei de amar pessoas que nunca serão minhas, cansei de mim mesma, cansei das mesmices e das chatices... Cansei dos mesmos amores. Cansei de ser a boba de sempre. Estou tão cansada que já não sei mais traduzir o meu amor em palavras ou em qualquer outro gesto.
Já não tenho vontade de fazer o que fazia antes... Já não quero mais cantar por não ter você aqui para ouvir (eu gostava de cantar para você). Já não tenho vontade de ler, escrever ou até mesmo de sair de casa. A saudade é tanta que a única vontade que tenho é de ir correndo te encontrar.
Mas ainda não desisti de nós amor, porque um dia quando pensei em desistir de tudo o que já não me fazia bem, você me deu forças e mostrou que a vida é muito mais que vontades e sim um acontecimento que nós mesmos fazemos.

(Carol Marchi)

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