Tudo mudou...
A velha
vitrola se encontra esquecida e empoeirada na sala que agora reformei. Tem um
novo estilo, um novo ar, novas coisas... Um novo amor. Retirei dos móveis
antigos retratos que me faziam chorar... Tudo mudou... Mas lá no fundo ainda
existe aquele velho amor que não esqueci.
Da
cozinha observo a árvore no quintal. Ela está jogando suas folhas fora, está
expulsando o que é velho para assim dar lugar as novas folhas que ali irão
nascer, mas o mais curioso disso tudo é que as folhas que ali caíram não se
vão... Permanece amontoadas uma nas outras. Sorrio sozinha com esta minha
observação tão sem sentindo, enquanto agora fitando o horizonte da janela já
surrada pelo tempo, saboreio um bom e amargo café para despertar daquela
insônia repentina.
Volto a
focar no pensamento sobre a árvore... Sinto-me como ela... Chega a ser
engraçado eu sei, mas tento assim como ela afastar o antigo e dar lugar ao novo,
mas o antigo são como as folhas caídas, são como a raiz que nunca pode ser
afastada apenas podada para não mais nascer, e você, bom você é como a raiz,
nunca se afasta dos meus pensamentos.
Nossa
velha árvore, assim a batizamos... Quantos momentos perfeitos nós tivemos ali,
tem até o nosso nome gravado nela, mas talvez a sua ausência cotidiana tenha
deixado um espaço enorme para um novo alguém chegar e habitar em meu coração...
E esse
outro alguém agora está observando-me... E poxa!... Perdi totalmente a noção do
tempo com meus pensamentos tão distantes. Como pode alguém distrair tanto uma
pessoa como você faz comigo, mesmo não estando mais presente?
Mas está
na hora de acordar e seguir em frente. Você seguiu o seu caminho e eu vou
seguir o meu e das velhas lembranças e antigas saudades queimarei cada uma
delas. Desperto da minha falta de atenção, seguro a mão daquele que agora me
completa, sigo para a sala e me jogo no chão, deito em seu colo, folheio um
livro maravilhoso e saboreio agora um bom vinho e sorrio entre um suspiro e
outro agradecendo a chegada daquele que veio para ficar e não partir como um
dia você fez.
(Carol Marchi)
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