Naquela noite...
Eu estava
sentada ao fundo do salão, tocava meu violão e arriscava nas notas e nas linhas
melódicas alguma canção. Você se aproximou e sentou atrás de mim. Eu notei sua
presença e sorri, mas disfarcei para que você não notasse tanto assim.
Seus
olhos sobre mim eram como um holofote e eu cantava para você ouvir. Você tinha
o braço apoiado no banco e a cabeça apoiada na mão. Seus olhos brilhavam e você
sorria. Sua expressão estava paralisada, você estava vidrado em mim. Parecia
uma criança, uma criança que eu adoraria colocar no colo e acariciar os
cabelos, o rosto... Chamar de meu.
Evitei
encontrar seu olhar, minha timidez não me permitia olhar para o lado, fechei os
olhos e deixei-me levar por aquele momento. A música terminou. Você aplaudiu, gritou,
fez-me sorrir e me deixou mais envergonhada do que eu já estava, mas eu não queria
que aquele momento acabasse então fiz com que ele se prolongasse por mais
alguns minutos.
Larguei
meu violão e me virei para você. Fitei seus olhos, que eram meus, só meus. Sorri
para você como uma criança que acabara de ganhar um brinquedo. Permiti que
nossas mãos se tocassem disfarçadamente e por um momento pude me esquecer de
tudo e todos que estavam a nossa volta. Naquele momento era somente você e eu e,
meu coração disparou por um breve longo tempo. Você continuava me olhando e eu
fazia a mesma coisa, se alguém notou, eu não sei, mas por mim o tempo poderia
ter parado ali. O momento era só nosso e ninguém iria te roubar de mim, ninguém
iria roubar sua atenção, não agora, eu não permitiria que alguém sequer falasse
alguma coisa. Seus olhos me sorriam e me traziam certa confiança... a força que
eu precisava para vencer minha falta de coragem... Você era tudo o que eu mais
queria, é tudo o que eu mais quero.
Eu queria
te abraçar naquele momento. Atrever-me até a roubar-lhe um pequeno beijo, mas
me contive. Respirei fundo e apenas me levantei. Recolhi o que era meu, guardei
meu violão, encarei seu olhar mais uma vez e vacilei. Não queria ir embora, mas
era preciso. Despedi-me com um aceno e um até breve, no dia seguinte eu estaria
de volta para poder lhe ver mais uma vez. Matar a saudade que sinto toda vez
que me despeço, dizer através do meu olhar, em cada adeus, o quanto eu te amo e
manter um sorriso firme, para não deixar que as lágrimas, caíam sem
necessidade.
Sai pela
porta da frente. Dei mais uma olhada para traz e contemplei-o parado a porta.
Sorri novamente e acenei você fez o mesmo e eu segui o meu caminho. Ouvi a
porta bater atrás de mim. Era realmente a hora de ir e eu só queria poder voltar
e dizer-lhe que eu poderia cantar todas as noites para você ou sempre que você
quisesse e que só de tê-lo comigo não precisaria de mais nada para ser feliz,
apenas sentir seu amor e saber que o meu será correspondido da mesma forma e
com a mesma intensidade simplesmente através de uma canção, de um olhar, de um
sorriso. Queria apenas lhe dizer o que eu nunca me canso de escrever, que eu te
amo.
(Carol Marchi)
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