As surpresas do amor
Vi quando
ele abriu a porta. Eu estava sentada na escada absorta em meus pensamentos. Ele
desceu sentou-se do meu lado e virou a cabeça curiosamente me olhando. Eu sorri
e o olhei.
-Oi - disse eu por fim.
-Oi, porque está com essa
carinha? Vamos melhora-la?
-Não é nada, estou bem -
disse-lhe dando um sorriso frouxo.
- Porque será que não acredito em
você? Está me deixando preocupado desse jeito...
- Não tem com o que se preocupar
e deveria sim acreditar em mim, se não fico triste por saber que não confia no
que eu digo.
Ele deu uma gargalhada tão
gostosa e falou:
- Mas eu não confio no que você
diz – Riu novamente espontâneo e jogou os braços em volta de mim e ficamos
assim, meio abraçados.
Permanecemos
sentados um bom tempo conversando sobre algumas coisas, sobre a vida, amores.
Rimos de algumas bobagens e debatemos alguns assuntos e então eu lhe perguntei:
-Como vai o coração?
-Batendo - respondeu ele com um
sorriso travesso no rosto
-É sério - respondi também em
meio a um sorriso
-Totalmente disponível, rs
-Hum, então está na hora de
arranjar alguém, não acha? Está ficando velho e vai acabar solteirão – dei uma
piscadela para ele, provocando.
Ele me
olhou e se fez de sentido e depois de todo esse pequeno teatro, respondeu:
-A pessoa eu já encontrei, mas
ela ainda não sabe disso – e fixou os olhos no chão, ficando sério de repente.
-Uma pena, deveria contar. A
mulher que ficar com você terá muita sorte. Você é um cara incrível.
Ele me
encarou e simplesmente disparou.
-Pois é, estou contando. Mas não
sei se é o exato momento para ela entender isso – disse, enquanto se levantava
e se retirava do recinto.
Acompanhei-o
com o olhar, um pouco confusa com suas palavras. Ou estava ficando louca ou ele
realmente disse que eu era a pessoa que ele havia encontrado. Levei a mão até a
cabeça e em seguida me levantei e fui atrás dele.
- Está fugindo de mim?
- E eu tenho motivos para isso?
- Eu particularmente penso que
não, mas não sei você.
- Não estou em condições de
pensar em nada, acabei de fazer uma coisa que eu não deveria ter feito.
- Ter se declarado? – Encarei-o
nos olhos.
- É – respondeu apenas.
Nosso
silêncio se seguiu por breves segundos que pareceram eternos e então me
aproximei.
- Do que tem tanto medo?
- Medo de te machucar – seus olhos
estavam fixos nos meus e eu não desviei.
- Você não imagina o quão feliz
eu fiquei só de sentir seu coração bater forte assim que aquelas palavras saíram
de sua boca. Então não pense que está ou estará me machucando... Você não sabe
o quanto eu te quero e por quanto tempo eu esperei ouvir e isso e nunca pensei
que chegaria a ouvir...
- Foi um erro da minha parte, ter
dito aquilo, eu não posso te iludir. Por mais que eu queira ser seu, por mais
que eu queira ter você para mim... Eu tenho uma dúvida enorme me corroendo. Não
poderei ser seu por completo, não poderei me entregar de corpo e alma e não
posso te dar a certeza de que isso irá realmente acontecer. E detesto ser a
metade para alguém... Quando eu me entrego, eu me entrego por inteiro.
Era
visível em seus olhos o medo que ele tinha. Medo de me ferir tanto com suas
palavras ou até mesmo com suas atitudes. E nada daquilo me interessava nada do
que ele dissesse mudaria o que eu viria fazer em seguida.
Não pensei
duas vezes e enquanto ele falava eu acompanhava cada movimento de seus lábios e
sem pensar muito o puxei para mim e lhe roubei um beijo. Ele ficou meio na
defensiva, até tentou me afastar, mas depois acabou cedendo. Tomou-me em seus
braços, segurou-me pela cintura com uma das mãos e a outra subiu para o meu
pescoço. Era perigoso estar ali e sabíamos disso, mas não conseguíamos ter
outra reação... Eu não conseguia deixar seus lábios e nem ele os meus.
Afastamos-nos
e ele ainda segurando-me pela cintura tinha a respiração descompassada, o
coração acelerado. Colei minha testa na dele e de olhos fechados apenas falei:
- Em anos, nunca me senti tão
feliz e tão amada. Então nada do que você falar agora irá mudar tudo aquilo que
você disse antes. Eu não tenho pressa, eu sei esperar. Esperei-te até agora e
possa esperar-te um pouco mais. Só preciso dos seus beijos e seus abraços, de
um carinho às vezes, mas nada que vá rápido demais, nada que possa precipitar
às coisas e a sua decisão. Eu posso dizer que eu sou a mulher mais feliz do
mundo, pois o cara que eu acho incrível, disse não claramente, mas de uma forma
indireta que já havia encontrado um alguém com o qual quisesse começar a
construir uma relação, e de todas as mulheres eu nunca pensei que eu seria a
que mexeria com o seu coração – levei a mão em seu lado esquerdo do peito e
coloquei a mão sobre o seu coração – Eu te amo – e senti quando ele bateu no
mesmo compasso que o meu.
Ele ficou
sem saber o que falar e eu também não pedi que falasse nada. Dei-lhe um selinho
tímido, afaguei-lhe os cabelos e me retirei. Deixei que ele ficasse com os seus
pensamentos e voltei para casa com um sorriso tão bonito que estava arriscado
alguém parar e me perguntar se eu estava fazendo propaganda para algum
consultório odontológico. Mas não... Eu apenas estava sorrindo, pois o amor que
eu sinto foi correspondido e eu não nunca poderia esperar isso, pois o amor que
eu amo me ama também... Pois o amor que eu sonhei está a um passo de se tornar
real. Pois o amor que me faz sonhar, hoje também sonhará comigo e terá grudado
em sua pele o cheiro do meu perfume e eu terei o seu... Será a noite mais feliz
da minha vida, pois sei que quando eu pegar meu celular, eu poderei mandar-lhe
uma mensagem não o chamando apenas pelo nome, mas chamando de amor... Meu amor.
(Carol Marchi)
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