Te encontrar...




         Hoje, resolvi tentar te encontrar, te encontrar por pensamento, através da alma e do coração.
         Pensei em você o dia todo, querendo de forma desesperadora saber onde te procurar, mas não sabia por onde começar.
         Cheguei em casa, tomei um banho demorado, comi qualquer coisa e me joguei na cama, na esperança de conseguir dormir, mas de nada adiantou, eu apenas fiquei rolando de um lado para o outro e nada.
         Olhava para o céu, através da janela do meu quarto, as estrelas me traziam as lembranças do seu sorriso. E com isso, sorri também.
         Fiquei te imaginando e acabei adormecendo, sonhei com você, e neste sonho você vinha me encontrar.
         Você escancarou novamente as portas do meu coração e o invadiu de uma maneira que foi uma das melhores sensações que eu já pude sentir. Me trouxe paz, alegria, conforto.
         Eu estava dormindo quietinha, quando senti tua mão macia tocar meu rosto e me acariciar como se quisesse que eu acordasse para lhe dar atenção. Senti teus lábios tocar de leve os meus e sua testa encostar na minha.
         Eu despertei, mas aquilo que eu estava vendo na minha frente não era um sonho, muito menos um fantasma. Era real, era você.
         Será que você havia saído dos meus sonhos só para me fazer sorrir ou será que era verdadeiramente você que estava ali na minha frente, sem sonho nenhum?
         Tive certeza de que você era real, quando o ouvi chamar meu nome, fazendo-me despertar daquele momento de distração.
         Eu me alegrei, sai correndo e pulei em teus braços, porque nesse momento você já estava em pé perto da porta.
         Você me deu um abraço longo, de saudade, um abraço que me fez chorar de tanta emoção.
         Fomos para varanda, nosso lugar predileto a luz da lua, onde conversamos, rimos e você me contou da sua vida. Disse-me que estava solteiro, apenas trabalhando e curtindo a vida. Também perguntou sobre o que eu andava fazendo e tal. E assim ficamos. Amanheceu e nem nos damos conta. Conversar contigo é tão bom que nem sinto a hora passar.
         Eu estava curiosa para saber o motivo da sua volta e acabei lhe perguntando.
         Seus olhos se encontraram com os meus e num sorriso tímido você permanceu calado. Por fim, disse que havia voltado por causa do trabalho e perguntou-me se podia ficar morando em minha casa por algum tempo. Eu concordei, claro, estava radiante por dentro, mas tentando disfarçar por fora, o que foi em vão, pois meu sorriso não saía do meu rosto. Olhei para você toda sem graça e você “sem mãe”, limitou-se a rir. (Tudo bem você pode kk” U.U).
         Embora nós não estivéssemos juntos, brigávamos muito, e sempre pelos mesmos motivos. A bagunça dele me irritava e a minha mania de organização deixava ele perdido. Mas tudo bem, essa era a parte mais fofa e tranquila, porque as vezes eu jogava alguma coisa em cima dele. Eram brigas leves, nada que coisas engraçadas não pudessem resolver.
         O bom da nossa relação é que nós nos tornamos grandes amigos, coisa que não éramos quando estávamos juntos, acho que foi por isso que não demos certo. Agora não, um ajudava o outro. Se ele arranjava alguém, embora eu ficasse com muito ciúmes, eu o ajudava e dava apoio, e comigo era a mesma coisa. A única diferença era que ele implicava demais com os garotos que eu arranjava, se era ciúmes eu não sei, mas eu sempre gostei de vê-lo com aquela cara fechada toda vez que eu ia me arrumar e ele ficava la falando que a minha roupa estava curta demais, que não sei mais o quê, eu ria dele, porque era fofo vê-lo daquele jeito, me perguntando onde eu ia, o quê eu ia fazer, com quem eu ia, a que horas eu estaria de volta. Eu respondia todas essas perguntas e começava a rir novamente e quando eu voltava para casa, pensando que ele já estava dormindo, que nada, estava lá, todo largado no sofá, me esperando. Vê se pode! (kkk”). Mas era bom ter essa certeza de que quando eu chegasse encontraria o meu verdadeiro amor ali, me esperando.
         Os anos foram se passando e nossa amizade crescia mais e mais, as brigas e as reconciliações também.
         Foi numa festa, dessas de amigos de longa data, ele apareceu com uma loira oxigenada, eu fiquei com uma raiva que ele nem imaginava. Mas tudo bem, eu engoli, porque haviamos prometido que um não ia interferir na relação do outro. Ele veio me apresentou a azeda. Até aí tudo bem, mas aquele dia eu havia bebido, coisa que eu não faço e estava chorando a toa, mas estava num canto, bem longe dele e daquela loira de farmácia.
         Estava tudo bem, até que vi os dois se beijando, eu apenas olhei, levantei e ele tentando se soltar dela, me olhou. Eu sai e ele veio atrás de mim. (Tudo o que eu queria, rs mas nessa hora temos que ser fria).
         Ele me segurou pelo braço, pediu-me que não fosse embora, mas que o esperasse para ir com ele e essas coisas. Apenas olhei-o, e sem querer discutir, entrei no carro e fui para casa. Para onde ele foi eu não sei, pois nem havia olhado pelo espelho retrovisor, mas deve ter voltado para aquela aguada e sem sal.
         Cheguei em casa, tomei um banho gelado para me curar da bebedeira e me deitei para assistir televisão. Lá de cima do meu quarto, pude escutar a porta da sala bater e logo em seguida a porta do quarto dele. Permaneci quieta e em silêncio profundo, só para ele pensar que eu estava dormindo.
         Passou-se exatamente uma hora e ele veio bater na porta do meu quarto, não parou enquanto eu não abri. Levantei-me e fui até lá, abri e pedi a ele que fosse dormir, pois eu estava tentando fazer o mesmo. Quando pensei que havia conseguido fazer com que ele saísse, pois não havia esboçado nenhuma reação ao meu pedido, conforme eu ia fechando a porta, me enganei. Ele travou-a com o pé e apenas com uma mão abriu-a, eu tentei empurrá-lo, mas de nada adiantou, ele é mais forte que eu, e com apenas uma puxada, colou meu corpo no dele, prendeu minha cintura e colou minha testa na dele, me olhou nos olhos, não disse nada, apenas beijou-me, um beijo apaixonado, o beijo que eu nunca havia sentido, pois ele mesmo nunca me beijou daquela forma. Eu tentei fugir, mas foi em vão, não consegui, pois ele não me permitiu tal coisa, então eu me entreguei. Era como se aquele momento nunca tivesse existido, foi mágico, foi diferente, talvez agora tenha sido desse jeito, por ele ter descoberto que me ama, que eu o amo mais que antes, que nos amamos como nunca havíamos nos amado, sei lá, não sei explicar.
         Foi lindo, adormeci em seu peito, ele me acariciava os cabelos e me beijava a testa e na manhã seguinte com uma bela mesa de café, disse que me amava e que agora era verdadeiro e que estava disposto a tudo para ter-me de volta. Nem precisava fazer muita coisa, eu nunca deixei de ser dele mesmo.
         Nos casamos e quem disse que de uma grande amizade se nasce um grande amor, está muito certo, pois nós precisamos viver uma enorme amizade para descobrirmos as pessoas e com isso vem o verdadeiro amor que fica escondido aqui dentro de nossos corações.
         Hoje temos uma família linda, ainda brigamos muito, mas sempre achamos a melhor maneira de nos reconciliar (rs), porque um amor que não tem brigas, ele não é perfeito, é apenas uma fachada. Mas amor de verdade consiste em brigas, aquelas brigas de soltar faísca, para que cada reconciliação seja sempre mais forte, assim como o amor e o laço que prende ambos.

(Carol Marchi)

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