Nosso destino
Eu disse
adeus do horizonte, contendo as lágrimas e te olhando de longe. Eu precisava
partir, estava sufocando em meio a tanta dor, nadando profundamente por uma
solidão que não deveria me pertencer... Seus olhos inexpressivos com a minha
partida. Eu esperava ouvir um “fica aqui, por favor, não vá eu preciso de você”.
Eu esperei ali, até a minha última esperança, até eu cansar, até eu desistir...
Eu esperei que você gritasse o meu nome, chamasse por ele como sempre fez...
Mas você preferiu permanecer em silêncio.
Eu vi
você partir, de longe eu te olhava como eu sempre fazia ao te contemplar pela
manhã. Até na hora da despedida seus olhos sustentaram os meus. Contive o
choro, eu precisava deixar você ir embora do meu mundo para que você pudesse
ser feliz, eu precisava deixar você livre, pois eu tinha medo, medo do que
outras pessoas poderiam dizer sobre nós... Medo de te magoar, mas vejo que essa
parte foi inevitável. Seu adeus para mim foi duro, vê suas lágrimas caindo incessantemente
fez-me querer gritar seu nome, abraçar-te e chamar-te de minha, mas não posso
te prender ao meu mundo, nem os meus caminhos me pertencem...
Eu não
sei se está sendo fácil para você me deixar ir, mas para mim está sendo bem
difícil ter que te deixar. Já sinto falta da tua voz me acordando pela manhã,
da tua mão me acariciando e tirando uma mexa de cabelo que cai sobre o meu
rosto. Já sinto falta do teu cheiro que me embriaga ao acordar, do teu
abraço... Abraço que eu fiz morada, abraço que eu nunca cansaria de morar e
sempre chamar de meu. Vou sentir sua falta moço, da curva que se faz em seu
rosto quando você sorri do seu olhar provocador, misterioso e tentador que
invade os meus e lê o íntimo da minha alma. Vou sentir saudades das vezes em
que demos as mãos e saímos pelo mundo para descobrir sobre suas coisas sem
nunca nos perdermos um do outro. Vou sentir saudades das vezes em que em meio
ao silêncio, contemplando a Lua e o céu estrelado, você dizia com sua voz rouca
que me amava... Eu também te amo e queria poder ter lhe dito isso pela última
vez.
E quando
você se foi, eu chorei. Chorei porque não teria mais por quem acordar pela
manhã e fazer o café, não teria quem implicasse comigo por causa da minha barba
por fazer, ou quem me sorrisse de um jeito encantador, dando-me forças e bons
motivos para começar o meu dia. Dizem
que homem não chora puro machismo. Eu choro porque eu amei e amo, e como eu te
amo. Não me cansava em lhe dizer, não precisava mentir sobre o que eu sentia, a
você dei o que eu tinha de melhor, para com você fui sincero até o fim. Você
sabia o risco que corria e mesmo assim se aventurou e mesmo assim me amou. E
mesmo assim deu-me muito mais do que eu merecia ter. Culpo-me por ter deixado
as coisas chegarem aonde chegaram, culpo pelos os meus olhares, olhares estes
que te encheram de esperança quando na verdade eu deveria estar tentando fazer
com que me esquecesse. Culpo-me pelas vezes que lhe sorri só para lhe ver
sorrir também... Eu amo o seu sorriso... Mas o meu amor não foi o suficiente,
para nós ele não bastaria. Eu nunca seria seu e você nunca seria minha. Nós
sabíamos e por sabermos, nos entregamos. Entregamos-nos até as últimas
consequências, nos entregamos até o dia em que as coisas começaram a seguir
rumos diferentes. Eu já não podia mais lhe dar esperanças e optei por dar-lhe a
minha frieza. Doeu em mim meu bem, mas eu sei que doeu em você também. Eu matei
o nosso amor, eu matei a única coisa pela qual eu quis nunca ter forças para
lutar, mas por um grande descuido fui firme até o fim... Eu matei você dentro
de mim para que você fizesse o mesmo comigo, mas já era tarde demais, já era
tarde para tentar voltar às coisas ao que era antes dos meus olhares me
condenarem, da minha insanidade abrir a boca para falar sobre o que sentia...
Era tarde demais para te tirar de mim, mas não era tarde para salvar o seu
coração.
Você
tentou me poupar de algo que não era mais possível e eu já não me importava se
iria sofrer ou não, eu só queria estar ali, só queria segurar a sua mão. Eu não
esperava receber de forma tão repentina e brusca uma frieza de sua parte. Se
você não queria, eu muito menos, mas o meu descuido foi maior, no meu momento
de fraqueza deixei que os meus sentimentos voassem para os seus. Eu quis estar
junto, eu precisava estar junto. Eu precisava dizer que te amava, não suportava
mais a ideia de estar ao seu lado e apenas lhe ter com os olhos, em uma
presença que tinha hora para terminar... Eu precisava ir além, eu precisava
chegar além e tocar o teu coração da mesma forma que você tocou o meu. Não foi
somente o seu olhar e a sua insanidade que te entregou nesse meio todo eu
também tenho a minha culpa, aliás, a maior culpa de todas... Eu invadi sua vida
sem pedir licença porque queria que você invadisse a minha de um jeito
avassalador. Queria que fosse meu, mesmo
que pra isso eu tivesse eu sofrer todos os julgamentos necessários. Da minha
parte é amor, da sua eu não sei. Se tiver sido desejo ou coisa de momento eu
entenderia se falasse... Só não me peça para aceitar esse seu modo de se livrar
de mim. Não me peça para aceitar o seu silêncio quando na verdade é necessário
gritar, eu só queria uma explicação mais real. Essa de não querer me machucar
não cola, desde o começo nós sabíamos que eu sairia assim. Isso não é um motivo
plausível é apenas uma desculpa de quem não quer mais. Eu parti, parti porque
você quis que fosse assim. Se o seu mundo é difícil, se os seus caminhos não te
pertencem eu não entendo então porque fez a escolha de me deixar entrar em sua
vida.
Vou tomar
minha estrada, seguir um caminho diferente do seu para não ter que lhe fazer
sofrer com a minha presença, nesse momento eu preciso te dar a minha ausência
para que você se liberte de mim. Encontre alguém que te ame e que não te engane
com olhares e sorrisos assim como eu. Eu te iludi, eu me iludi quando eu pensei
que poderia te fazer e também ser feliz. Mas esqueci-me da vida que eu já
tinha, das escolhas que eu fiz e te envolvi nessa minha loucura e te machuquei
e não sei se um dia me perdoarei. Eu sei que eu errei e não deveria nem lhe
dizer, eu não estou te iludindo apenas sendo sincero. Quando você passa por mim
os meus olhos percorrem por você e anseia por olhar os teus olhos, eu sorrio
frouxo e te acompanho sem que você perceba... E em meio a tanta gente eu tento
me conter... Tento conter a vontade de gritar seu nome e mais uma vez dizer que
te amo.
Se um dia
nos cruzarmos por ai, e eu juro que espero que não demore tanto assim, eu vou
correr para os teus braços esquecendo-me da promessa que lhe fiz um dia de não
te abraçar perto das pessoas e até mesmo do lugar... Vou esquecer-me da minha
vergonha e passar feito um foguete por quem quer que seja e pular em teus
braços, encher-te de beijo e refazer minha morada e aí de você se tentar me
impedir, e aí de você se lutar contra o que sente. Eu sei que os teus olhos me
seguem, pois os sinto em mim... Os meus não são diferentes e ao contrário de
você o meu sorriso explode no rosto. Em meio a toda a multidão você não é só mais
um você é o cara que mesmo apesar de toda turbulência, de todos os obstáculos,
brigas e faíscas, faz-me sonhar acordada, suspirar pelos cantos e a todo o
momento ter vontade de gritar para o mundo que é você que eu amo. Lembra-se
daquela promessa que um dia fizemos madrugada adentro deitados no terraço
olhando a lua? Então... Ela ainda vale e nós deixamos bem claro que era para
todo o sempre. Um dia eu cruzo a tua estrada, e espero te encontrar lá.
(Carol Marchi)
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