Para um amigo especial



Pode ser meio espantoso a forma como eu vou começar, mas eu não me preocupo e nem me envergonho de dizer isto àqueles que eu amo e me fazem bem.
Já lhe disse o quanto eu amo o seu olhar, o seu sorriso e o seu abraço? Sabe o quanto eles me confortam? Poderia passar horas e horas admirando-os sem medo de ser questionada e julgada. Já lhe disse quantas vezes eu me senti confortável e em paz só de saber que você estava por perto? Já lhe disse quantas vezes eu abri a janela da nossa conversa no celular só para poder saber se estava online e mandar um oi para perguntar como você estava apenas porque me preocupo demais e me faltou coragem por medo de te incomodar? Já te contei as inúmeras vezes que me fez sorrir sem saber, que me fez feliz com suas palavras? Já te contei o quanto eu busco em você forças para continuar sendo o que eu sou porque vejo em você um exemplo a ser seguido? Eu te admiro ou admirava até então. Não, eu ainda o admiro apesar de toda a circunstância. Infelizmente, certas coisas mudaram e eu posso lhe dizer sem medo que eu sinto muita falta da pessoa que você era há algum tempo atrás, não da pessoa que você vem se tornando. E não se espante com as coisas que eu acabei de falar, é a pura verdade... Eu amo a pessoa que você é e toda a paz e o amor que você é capaz de transmitir.
Eu nunca fui boa com palavras e também já lhe falei isso, mas tenho encontrado a coragem que sempre me falta para chegar a você e falar... Falar o quanto estou magoada. Sim, eu estou e não é pouco. Entre nós havia um laço que foi desamarrado e se afrouxou demais, e esse vazio enorme que agora existe entre nós tem me incomodado muito. Não é de hoje que eu percebo certas mudanças em seu comportamento, talvez você tenha mudado sem saber ou sem sentir, mas as pessoas a sua volta estão sentindo na pele certa arrogância e grosseria da sua parte, coisas estas que nunca existiram. Você não é assim, eu sei que não é. E se hoje eu estou aqui, tentando encontrar as palavras exatas que se encaixem é porque eu gosto e me importo muito contigo. Talvez ninguém mais tenha a coragem de chegar e falar e sei que eu corro o risco de você não querer mais falar comigo, mas vou correr mesmo assim. Sinto falta da sua companhia que hoje é tão escassa, mas não estou aqui para brigar por espaço com ninguém. Eu sei exatamente a hora de me retirar.
Conversando com um amigo ele me lembrou de uma frase muito bonita do livro O Pequeno Príncipe: “Você se torna totalmente responsável por aquilo que cativas”. Eu não sei se eu te cativei, mas no papel de amiga (se me permite assim falar) eu me sinto responsável por chegar perto de você e tentar abrir seus olhos. Não que minha opinião ou preocupação valham de alguma coisa, mas eu me importo e me preocupo. Não deixe que outras pessoas lhe digam o que fazer, não deixe que outras pessoas mudem aquilo que você é não deixe que aquele amigo que eu conheci há um ano, se perder, porque dele eu sinto muita falta. Nesta carta eu falo de amigo para amigo e se falo é porque me preocupo e se precisei e tomei coragem em escrever é porque a situação já está um pouco delicada demais. Certas atitudes, certos acontecimentos estão magoando outras pessoas que não somente a mim.
Desculpe-me se estou sendo indelicada demais, se estou falando ou me metendo demais aonde não sou chamada, mas aprendi que na vida é muito mais bonito chegar perto da pessoa, ainda mais quando se trata de uma pessoa que amamos muito, e expor para ela algo que nos tenha deixado chateado ou magoado, sermos sinceros. Como eu disse, eu corro o risco de você não querer mais falar comigo, sei que se isso vier a acontecer eu vou me sentir muito pior do que já estou, mas vou entender perfeitamente se assim o fizer. Tenho minha consciência tranquila de que minha parte eu tentei fazer, fui o mais sincera possível em relação àquilo que eu estava sentindo e de certa forma me sinto aliviada por poder ter posto para fora esse sentimento que já estava me sufocando. E se nesse exato momento essa carta está em suas mãos é porque ou estou muito doida e tomei uma coragem que não é minha ou porque realmente eu já não consigo fingir e dizer que esta tudo bem. Mas eu estou com medo, muito medo da sua reação, caso você venha a ter uma. Não sinta raiva de mim por isso, não foi essa a minha intenção quando eu resolvi te escrever.
Apesar do meu silêncio às vezes, quase sempre, eu não tenho raiva até porque eu nunca vou conseguir sentir isso em relação a você, mas a mágoa está fazendo com que eu me afaste e nem sei se é melhor assim ou não. Com toda sinceridade eu não quero que seja assim eu detesto-me sentir desse jeito, mas se tiver de ser eu terei paciência para aprender a lidar com isso. Desculpe-me mais uma vez por estar sendo tão chata, apenas me preocupo e só quero o seu bem. Que minhas palavras não tenham soado tão infantis ou imaturas, às vezes meus pensamentos se embolam e deixo passar muitas coisas que eu gostaria de explicar melhor. Sei que vou ter muita vergonha em te encarar depois de tudo isso, mas acho que a vergonha já é normal em mim e eu aprendo a lidar com ela.
Lembre-se de que sempre pode contar comigo. Agradeço a você por ter me ensinado muitas coisas, principalmente em uma de suas belas palavras, o que era o amor e também por seus delicados puxões de orelha que me fizeram amadurecer constantemente. Espero poder continuar aprendendo muito mais. Sua amizade é de extrema importância para mim. Muito obrigada por fazer parte da minha vida, mesmo que agora, infelizmente, não tenha sido de uma forma mais direta.

(Carol Marchi)

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