Querido diário
Fechei a
janela, ventava muito e a chuva já começava a adentrar sem ter sido convidada.
É apenas mais uma carta triste que eu vou escrever. Palavras desenfreadas e sem
sentidos que vão surgindo sem eu pensar exatamente se são elas que eu quero
escrever. Palavras carregadas de sentimentos.
A
casa está fria e estou sentada no sofá em meio às cobertas que peguei para me
esquentar, tendo na mão uma caneca de chá bem quente olhando para tela do
computador, mergulhada em pensamentos, tentando organizá-los para escrever
qualquer coisa.
Eu
ainda espero por alguma coisa, tenho esperança nas mudanças ou pelo menos finjo
acreditar que tenho. Ficar sozinha para mim ultimamente tem sido bem
complicado, é como se eu tivesse perto de entrar em uma depressão, mas eu
preciso desses momentos e simplesmente me isolo... É onde eu paro para pensar,
pensar em simplesmente tudo. E como eu queria pensar menos e ter coragem de
agir mais.
Coragem
de dizer que eu amo coragem de sorrir sem medo, coragem de fazer tantas outras
coisas que sou fraca para tentar. Todas estas coisas me são complicadas e nem
sei se posso dizer que é culpa da vergonha ou se simplesmente tenho medo de
arriscar... Medo de perder, como sempre acontece quando eu amo muito... Talvez
por isso eu tenha medo de dizer que amo há tantas pessoas... Elas podem
resolver ir embora depois disso.
Uma
vez um amigo meu me disse que os amores não são como o dos livros e de fato não
são mesmo. Na vida real o amor não é como um conto de fadas, mas ele vem abarrotado
de espinhos que nos fazem sangrar a cada decepção, ciúmes sem cabimento... A
cada olhar ignorado, a cada sorriso rejeitado. Como eu gostaria de ter outra
visão sobre o amor, pois eu sei o quanto ele é bonito e faz sorrir os corações
que amam, mas neste momento, é esta visão a qual eu venho tendo sobre o mesmo.
Ontem
escrevi um texto de cinco páginas sobre o que eu estou sentindo, e confesso que
não tenho andado nada bem. Eu sonho acordada, vivo desilusões e apesar de todos
os tombos que eu já tive ainda não aprendi a lição.
Querido
diário eu o vi está semana... Sim, o antigo amor e foi decepcionante e ao mesmo
tempo um alívio saber que aquele amor que era tão grande não soou da mesma
forma que antes. As pernas não tremeram o coração não acelerou a respiração não
se agitou e os olhos não procuraram por ele o tempo inteiro e nem o sorriso
surgiu com aquela surpresa imediata.
Tenho
medo de descobrir o que eu estou sentindo e foi estranho saber que alguma coisa
morreu dentro de mim, certo sentimento que um até pouco tempo atrás eu não
sabia viver sem. Foi à distância que ocasionou essa mudança, foi à ausência que
me fez fortalecer a ideia de esquecimento e eu pude perceber o quanto a
respeito desse assunto eu amadureci.
Ainda
vejo claramente ele descendo as escadas e se distanciando. Um filme passou em
minha cabeça naquele exato momento, mais uma vez eu o estava vendo partir e
desta vez o meu olhar foi de despedida... E eu queria que ele tivesse olhado
para trás para que eu pudesse sorrir uma última vez, eu juro que contive as
lágrimas. Eu contive as lágrimas lá, mas não aqui, não agora... Ele ainda me
faz muita falta apesar de eu negar isso dentro de mim, apesar de não querer
acreditar na voz que ecoa toda vez que penso em tentar outro amor ou
simplesmente evitar que esse vá embora.
Vivo
numa constante mudança de humor. Preciso de silêncio, preciso guarda-lo para
mim, eu preciso deixar que as lágrimas, escorram. Eu preciso lavar a dor que
ainda habita em mim... Preciso preencher esse espaço com palavras que não sejam
passageiras, com um amor que não vá embora repentinamente... Só preciso
descobrir o que ando sentindo para depois descobrir se posso ou não resolver me
abrir para algum novo amor... Um amor que fique que construa sua morada e sua
estrada junto a minha... Espero voltar em breve caro amigo, para lhe contar
sobre sorrisos e não mais sobre lágrimas.
(Carol Marchi)

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