Sobre decepções - Parte I
Há muito
tempo que não sei o que escrever, principalmente sobre decepções. Mas nada
costuma ser como imaginamos. Talvez esse venha ser o texto que se aproxime mais
da minha realidade e cá estou eu novamente, me afundando na escrita para fugir
do vazio, de uma ausência já esperada, de um medo real.
Eu começo
me perguntando se eu fui apenas um caminho curto para a cura de uma carência,
pois é exatamente assim que eu me sinto usada e não tem nada pior do que se
sentir como um objeto que não tem serventia. Se o seu psicológico é fodido,
recomendo que não leia esse texto, pois acredite, vai ficar pior.
Acreditar
em palavras, confiar em alguém ao ponto de entregar cada sentimento, que desde
o primeiro momento foi avisado de como eram, e mesmo assim tomar uma porrada e
um belo “estou cagando e andando”, não são coisas que esperamos de pessoas que
dizem gostar e se importar e que principalmente um dia foram tão dissimuladas
em dizer que amava. Eu te amo é uma palavra muito forte para ser dita de
qualquer maneira, mas infelizmente nem todos aprenderam isso, e pensam que se
divertir com os sentimentos alheios é uma forma bem legal de sair ileso.
Eu não
sei como eu me sinto agora, apenas tenho um misto de cada coisa: raiva, ódio,
tristeza, decepção, medo, saudade - mas não, eu não consigo perdoar e por mais
que eu devesse tentar, chega um ponto em que não da para saber se é realmente isso
que você quer.
Eu passei
muitas noites em claro, chorando após várias brigas. Eu amei sozinha desde o
primeiro momento e fui ingênua o bastante por pensar o contrário. Eu fui mais
uma para lista e hoje posso afirmar em como me sinto em relação a tantas outras
que passaram pela mesma situação. Acreditei numa mudança, uma mudança que me
iludiu e que só agora eu pude realmente ver, nunca existiu. Estava exposto o
tempo todo e eu me deixei enganar.
Chorar
não vale de nada, não quero derramar uma só lágrima, mas para quem eu quero
mentir? O meu único erro foi depositar amor aonde só havia uma pedra. Acreditei
em palavras, acreditei em momentos, momentos estes que se eu pudesse apagaria o
mais rápido possível. Só me fazem sofrer mais por me mostrarem o quanto eu fui
boba e o quanto daquilo foi uma mentira.
Eu sorri
com mensagens, eu suspirei após cada beijo. Eu vivi a ansiedade da espera e a
alegria da chegada. Eu vibrei em cada abraço. Eu chorei cada partida, eu amei.
E o meu erro foi amar demais a um alguém que agora não tem tempo, logo para mim
que me virava em tempo para ajudar no que fosse preciso.
A culpa é
minha, só minha. Para que serve essa merda de coração? Por mim poderia parar de
bater, só faz escolhas erradas e depois fica ai de “mimimi”. Eu ferrei com a
minha vida, e me arrependo. Eu não me arrependia em nada, mas hoje me arrependo
até do dia em que respondi as mensagens. As coisas teriam sido diferentes.
Veja, o
que eu questiono é a reciprocidade, o tanto que eu fiz e o tanto que eu recebi.
Eu não esperava nada em troca, disso eu sabia, o amor é isso, mas há uma coisa
que se chama consideração e no amor também tem isso. E logo disso, eu nunca
presenciei, pois se existiu em algum momento, pode ter certeza, foi tudo uma
mentira bem cabeluda, tudo parte de uma encenação.
Eu
cansei, agora é a minha vez de por um ponto final nisso. Eu to sufocada com
tantas coisas que eu gostaria de ter dito, mas que eu não disse. Porque em
todas as discussões eu me convencia de que eu era a errada, pois era
direcionada a me sentir assim. Eu carreguei culpas que não eram minhas,
carreguei egoísmos que nem eram meus. Carreguei um fardo em cada “eu te amo”
dito da boca para fora.
Eu já não
sirvo mais. Há outro alguém para curar a carência e de certo modo já agradeço
que não seja eu, porque eu não mereço um terço do que passei em cada noite em claro
nesse relacionamento abusivo. Ele não
merece nenhuma porcentagem do que eu me deixei fazer por ele, eu estava cega.
Eu estive
aqui esse tempo todo, eu jurei ficar o tempo em que eu aguentasse e até mais, mas
agora, eu vou seguir meu caminho, vou fazer as minhas escolhas. Eu lutei,
apesar de todas as minhas paranoias, eu estive junto nos momentos mais difíceis
e não tive valor. Como ele mesmo disse uma vez, ninguém exige tanto a minha atenção
e segundo que eu não quero dá-la e nem vou. Agora é a minha vez, teve e perdeu,
mas sei que não vai fazer falta como já não faz, mas escrever esse texto foi
uma forma doce e sensível para no fim manda-lo se foder.
Ainda não
sei como me sinto triste e decepcionada com certeza, mas encontrei novamente a
minha única fonte de alívio. Recomendo que, não haja reclamações e
questionamentos após essa leitura, pois ainda há muitas coisas fofas para serem
ditas.
(Carol Marchi)
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