Entre a letra e a melodia... O amor
Eu te
observo deitado na cama. Estou sentada ao seu lado ouvindo em meio aquele
silêncio a sua respiração descontrolada. Te beijo a bochecha, calço os chinelos
e desço. No canto da sala o velho piano
e ao seu lado o meu amigo de todas as horas... O violão. No caderno alguma
canção interminada, interrompida por mim no momento em que você adentrou pela
sala e caminhou em direção a mim com um sorriso que iluminou todo o ambiente.
Arrisco
algumas notas bem baixas para não te acordar, volto a escrever e a viajar por
lugares que ainda não visitei. A canção flui e eu não sei bem porque eu estou
chorando ao escrever o seu final. Ouço
passos e congelo, atrás de mim sinto sua respiração pesada e meio decepcionada.
Não me atrevi a olhar em seus olhos, você com certeza leu minhas palavras e eu
juro que elas saíram com toda sinceridade de dentro do meu coração.
Eu sei
que eu te prometi que não me apaixonaria, sei que tínhamos um contrato e eu o
quebrei, mas os sentimentos vão muito além de uma simples negociação, tratadas
em palavras e não seladas em um papel. Eu fui fraca, eu errei, eu fui muito
além daquela minha promessa de não me deixar envolver por seus olhos, de me
encantar pela sua gargalhada tão doce e pela sua voz que invadia todo o meu
interior e acalmava a minha confusão.
Ouço o
som do piano, era a melodia perfeita para a minha letra. Eu te encarei e não me
permiti desviar os olhos sequer por nenhum momento. Seus dedos tamborilavam
pelas teclas de uma maneira tão suave que eu pude imaginar o toque deles em mim
algumas horas atrás. Você me causa arrepios, você me intimida e eu tenho medo
até de chegar perto de você e te abraçar... Na verdade eu descobri que o meu
maior medo é te perder.
A chuva
começa a cair lá fora, o vento invade a casa espalhando pelo chão, papéis
rabiscados com vários pensamentos meus. Você ergue os olhos e me encara, não me
permito desviar e permaneço firme... Um sorriso tímido surge no canto da minha
boca e você se levanta, segue até a cozinha e traz nas mãos duas xícaras bem
quentes de café. Pousa uma delas e minhas mãos e senta-se ao meu lado.
Timidamente eu me aproximo e encosto a cabeça em seu ombro, você passa seu
braço por cima dos meus possibilitando-me assim deitar-me em seu peito. Eu me
aninho em você, fecho os olhos e sussurro baixinho, com medo de você ouvir, que
eu te amo muito.
(Carol Marchi)
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