A vontade de gritar... EU TE AMO!!!
Ela
segurou firme na mão daquele que estava para partir. A mão da pessoa que ela
amava profundamente e a quem tinha medo de dizer adeus. Ela permitiu que ele a
visse chorando, mas não teve a coragem de pedir para que ele ficasse. Ela o
abraçou firme e exalou seu perfume, o seu cheiro preferido. Ela não sussurrou
uma palavra sequer e então ele a soltou, soltou pois já era hora de partir, de
seguir um novo rumo em sua vida e construir uma nova história. Ele também não
queria ir, mas seu destino já estava decidido, foi sua própria escolha, não
podia mais voltar atrás. Ele sentia que deixá-la daquele jeito iria feri-la de
um modo que aquela ferida não iria se curar tão rápido. Então ele se foi
definitivamente, deixando nela e com ela vontades e sonhos, desejos e projetos
que nunca seriam realizados ao lado dele. Ele partiu por uma estrada que não
havia volta, pelo menos por enquanto,
pois a moça ainda tem esperança de tê-lo perto novamente e de vê-lo voltar.
Meses se
passaram desde que ele se foi. Ela ainda se lembra daquele dia detalhadamente,
como se tivesse acontecido uns dias antes. Ela sente falta de estar com ele,
falta do cheiro dele, do sorriso, do timbre de sua voz e da melodia que ela
produzia em cada palavra que ele pronunciava. Ela sente falta dos olhares que
eram trocados disfarçadamente, escondidos para que ninguém notasse, das vezes
em que ele lhe sorria com certa cumplicidade, com alegria, com prazer. Ela
finge felicidade, para que ninguém pergunte sobre sua tristeza. Ela chora pelos
cantos para que ninguém pergunte o motivo de suas lágrimas em meio ao
momento de felicidade e com isso, ela é obrigada a secar as lágrimas e pôr um
sorriso falso no rosto para agradar àqueles que não se importam se você está
bem ou não. Ela também não faz tanta questão assim, hoje prefere sofrer
sozinha. Prefere se perder nos livros, numa boa música, numa taça de vinho e em
seus pensamentos, que surgem na noite fria e silenciosa, onde nem mesmo o
cantar dos grilos são ouvidos, onde somente a presença da lua e das estrelas
formam o cenário perfeito para mais um momento de sorrisos e choros.
Lembranças
são as únicas coisas que ela carrega consigo. Não sabe quando o verá novamente.
Cria expectativas demais, mas no final acaba quebrando a cara. Ou ele não
aparece ou ela nunca vai para visitá-lo. Ela espera encontrá-lo em uma tarde
qualquer no final de mais um dia de aula. Um dia estressante, onde não
conseguiu se concentrar em mais nada, onde sua atenção se encontrava em outro lugar
e em uma única pessoa. Ela deseja apenas vê-lo ao longe, só para ter um momento
de paz e de felicidade. A distância é boa. Faz esquecer, isto é fato. Mas ao ir
a procura dele ou até mesmo encontrá-lo por acaso, faz com que tudo aconteça
novamente. E essa moça chora, sofre, espera, sonha, deseja. E o tempo, o tempo
vai se encarregando de tudo aos poucos. Ela vai levando desse jeito pois é a
única maneira de sobreviver nesse mar de amor, precisa ter cuidado para não se
afogar nele.
E ela
continua sua vida, fingindo desde quando ele se foi. Fingindo sorrisos e
felicidades. Usando uma máscara para esconder de todos seu rosto que agora se
torna irreconhecível depois de tanto tempo chorando e sofrendo. Ela se entregou
a esse amor de corpo e alma, mas nunca conseguiu dizer em palavras clara o “eu
te amo”. Ela se arrepende de não ter pedido para que ele ficasse. Mas foi
melhor assim para ambos. Ele está bem e ela está feliz por ele, mas agitada por
não saber sobre o seu futuro que está tão incerto. Tem medo de não saber onde
encontrá-lo após um certo tempo. Medo de perder o pouco da intimidade que lhes
restou. Mas ela segue em frente, de cabeça erguida. Ela sempre volta na estrada
em que ele se foi e fica esperando sempre na mesma hora e no mesmo lugar vê-lo
apontar ao longe, banhado pelo entardecer. Espera sentir o coração se encher e
bater novamente acelerado dentro de seu peito. Espera correr para os seus
braços e envolvê-lo em seus abraços e dar-lhe milhões de beijos para matar a
saudade que lhe corrói a alma. Espera para dizer o “eu te amo” que está
agarrado em sua garganta pronto para ser gritado para todos ouvirem, sem medo e
sem receio do que possa vir à acontecer depois. Mas enquanto ele não volta, ela
senta em baixo de uma árvore com seu celular e fones no ouvido reproduzindo
músicas que a façam ficar mais perto dele e, lendo seus livros de romances para
que as horas passem mais rápidas, onde em cada personagem e em cada história ela se
identifica e assim procura inspiração para escrever seus textos.
(Carol Marchi)
Comentários
Postar um comentário